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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

ENTENDENDO A GRAÇA


por Natan Rufino (Integrante da Coord. Doutrinária MVV)
Postagem Autorizada pelo Autor.

Olá gente,
Muitas pessoas estão me mandando mensagens, emails, falando comigo no msn, etc. pedindo-me ajuda para entender direito o que é isso que tem sido pregado por alguns sobre “a graça de Deus”.
Alguns pregadores tem falado sobre o que pensam ser a graça bíblica e, infelizmente, tem trazido muitas confusões no Corpo de Cristo; não só por causa dos argumentos sem fundamentos bíblicos, mas também por causa das consequências nas vidas das pessoas que receberam a mensagem sem observar nas Escrituras se as coisas eram de fato assim. 
Depois de tantas perguntas e questionamentos, resolvi ajudar meus amigos postando pelo menos três textos sobre o assunto, para que isso possa, no mínimo, orientar os mais sensatos e interessados na verdade das Escrituras, livrando os irmãos dos modismos e do “evangeliquês” barato que, de “tão bom”, desvia tanta gente do Evangelho.

UM EVANGELHO DE IRRESPONSABILIDADE?
Autor: Tony Cooke (Traduzido do site: tonycooke.org)


Nas viagens que tenho feito, tenho ouvido mais e mais um pensamento que está circulando hoje em dia no Corpo de Cristo com respeito a uma suposta “compreensão” da graça, que parece estar facilitando e promovendo um senso de irresponsabilidade nas pessoas. Algumas das aplicações dessa ideia incluem:
“Porque eu sou salvo pela graça, realmente não importa se eu peco ou não, porque Jesus já cuidou de todos os meus pecados – eles já estão cobertos pela graça”; “Eu não estou debaixo da lei, então não preciso dar o dízimo. Eu dou o que eu quiser”; “Realmente não importa se eu vou ou não para a igreja, se sou ou não membro de uma igreja local, o que importa é se eu sou parte do Corpo de Cristo”.
Antes de tratar sobre esse assunto, creio que é importante reconhecer que talvez alguns tenham estado debaixo de percepções equivocadas sobre Deus no passado. Talvez tenham estado debaixo de alguma forma de legalismo – um tipo de escravidão que os fez pensar que eram salvos pela fé em Cristo MAIS o fato de nunca cometerem um erro, ou, pela fé em Cristo MAIS o fato de entregar o dízimo, ou, pela fé em Cristo MAIS o fato de ir a uma igreja regularmente ou de praticar boas obras. Vivendo assim, nunca compreenderam ou usufruíram do fato de que nossa salvação e perdão não são uma questão de “fé em Cristo MAIS alguma coisa”.
Eles nunca conheceram a natureza do dom de Deus ou o verdadeiro descanso oferecido por aquele que disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11.28-30).
Quando pessoas assim compreendem que são “salvas pela graça mediante a fé; e que isto não vem delas, é um dom de Deus”, elas podem ficar ressentidas de qualquer pensamento que tinham anteriormente sobre Deus como um capataz… Ou ressentidas com alguém que as liderava, ou as colocava debaixo de pressão, para agirem de determinada forma a fim de que fossem aceitas por Deus. Ao tentarem se desfazer das cadeias de tal pensamento legalista, elas podem acabar na vala do outro lado da estrada, pensando que toda forma de disciplina ou obediência é uma forma de escravidão que deve ser rejeitada. Resumindo, elas jogam fora a água de banho junto com o bebê que estava nela.
Paulo ensinava uma forte doutrina sobre a graça, mas não era uma graça que promovia irresponsabilidade ou uma vida pecaminosa. A graça, naquela época como agora, foi mal compreendida e distorcida. Em Romanos 6.1 e Romanos 6.15, Paulo pergunta: “Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” e “Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça?”. Para as duas perguntas, Paulo responde com um enfático “De modo nenhum!”.
Paulo foi tão mal compreendido (creio que particularmente a respeito da graça), que Pedro se referiu às suas cartas da seguinte forma: “Nas cartas dele há algumas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e os fracos na fé explicam de maneira errada, como fazem também com outras partes das Escrituras Sagradas. E assim eles causam a sua própria destruição” (2 Pedro 3.16 – NTLH).
Os gálatas estavam muito enredados no legalismo, e Paulo desejava que eles compreendessem a graça de Deus (Gálatas 2.16). Ao mesmo tempo, contudo, ele não queria que eles entrassem no outro extremo. Ele disse a este grupo de crentes confusos, “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gálatas 5.13).
A epístola de Paulo a Tito tem sido chamada de “O Livro das Boas Obras”. Nesta epístola ao jovem pastor, Paulo lembra a Tito que somente a graça de Deus é a fonte de nossa salvação: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tito 3.4-7).
Este mesmo livro, que torna tão claro que as obras não são a causa da nossa salvação, também deixa profundamente claro que as obras (boas obras) são a consequência mais natural da nossa salvação:
Tito 2.7 – “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras…” 
Tito 2.14 – “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos
de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. 

Tito 3.8 – “…Para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens”. 
Tito 3.14 – “Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos”.
Será que Paulo – o homem que falou sobre graça mais do que qualquer outro em todo o Novo Testamento – estava dizendo a Tito para colocar os crentes debaixo de algum tipo de escravidão legalista? Absolutamente não! Paulo compreendia que a graça, ao transmitir o dom da vida eterna ao crente com base na obra redentora de Cristo, não se tornava numa espécie de porta de entrada para a preguiça ou libertinagem para o crente, mas em vez disso, em um trampolim para uma vida de obediência. Na realidade, a graça (o poder divino em nossas vidas) provê o ímpeto para a nossa capacidade de obedecermos a Deus e é a própria base para isso.
Paulo também disse a Tito: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente”… (Tito 2.11,12). A verdadeira graça de Deus nunca será uma permissão divina para fazer aquilo que é errado. Em vez disso, é a divina capacitação para fazer aquilo que é certo!
Como crentes, certamente nos regozijamos no evangelho, as boas novas, a declaração do fato que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2 Coríntios 5.19). Mas, ao que esse dom gratuito nos introduz? A uma vida de comodismo? A uma vida de irresponsabilidade? Conformidade com o mundo? A uma vida de satisfação carnal?
Acredito que a melhor maneira para dizer o que Jesus tinha em mente seja voltando à Grande Comissão que ele nos deu. Todos nós estamos bem familiarizados com a primeira parte dessa comissão – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo…” (Mateus 28.19). Mas logo no versículo seguinte, fica claro o tipo de vida que Jesus tencionava para os que recebessem o seu dom gratuito: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Jesus não disse, “ensinando-os que eles não têm que absolutamente fazer coisa alguma porque eu já fiz tudo”. Sim, ele fez tudo no sentido de ter comprado nossa salvação para nós, mas após isso, ele nos chamou para termos vidas com propósito, responsabilidade e obediência.
É 100% verdadeiro que as pessoas não precisam ter uma vida santa para que Deus as ame; ele nos amou quando ainda éramos pecadores. É verdade que as pessoas não precisam dar o dízimo ou ir à igreja para que Deus as ame; ele nos ama com um amor eterno a despeito do nosso desempenho de perfeição. Mas existem as boas obras e um estilo de vida, para os quais nós fomos chamados – não para obter a salvação mas para expressar a salvação.
Quando Paulo falou com Tito sobre as boas obras, ele disse: “estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens” (Tito 3.. Nós somos responsáveis por viver corretamente para que outros possam ver a natureza e o caráter de Deus. Somos responsáveis por dar o dízimo e ofertar generosamente para que outros possam ouvir o evangelho. Somos responsáveis por estar seriamente envolvidos em uma igreja local. para que tenhamos um lugar onde servir e ajudar os outros (tanto quanto para crescermos como indivíduos). É absolutamente verdadeiro que é a graça que nos salva e nos mantém, mas esta graça nunca nos levará a conduzir vidas a irresponsabilidade e comodismo.
Faríamos bem em lembrar as palavras de Dietrich Bonhoffer, um teólogo protestante e ativista anti-nazismo, que disse: “graça barata é aquela que prega o perdão sem requerer o arrependimento, batismo sem disciplina cristã, comunhão sem confissão, absolvição sem confissão pessoal. Graça barata é uma graça sem discipulado, uma graça sem a cruz, uma graça sem Jesus Cristo vivo e encarnado”.
Que você tenha sabedoria tanto para receber quanto para expressar este indescritível dom de Deus!
GRAÇA, ARREPENDIMENTO E CONFISSÃO

Recentemente, eu tive o privilégio de fazer algumas reuniões mais demoradas na igreja do pastor Jerry Weinzierl, em Sterling Heights, Michigan, e tive a oportunidade de ensinar profundamente sobre o assunto da graça. Uma das áreas que ensinei dizia respeito à forma como a graça de Deus faz com que os crentes precisem confessar pecados ou se arrepender. Alguns têm a particular impressão de que estar debaixo da graça significa que é desnecessário nos arrependermos e confessarmos os pecados que cometemos. Em vez disso, pensam eles, os crentes simplesmente precisam reconhecer que já foram perdoados.

Antes de falar sobre isto, é de vital importância definir biblicamente os termos que usamos. As palavras “arrepender-se” e “arrependimento”, não significam que estamos ansiosos por nos aprofundarmos na culpa, vendo e revendo nossas falhas, ou que andemos perpetuamente com a consciência de pecado. A seguir, apresento algumas das coisas que os mais respeitados estudiosos têm a dizer a respeito da palavra grega para arrependimento:
“O substantivo grego metanoia significa literalmente ‘uma mudança de mente’. É mais do que um pesar emocional, que muito frequentemente não produz qualquer mudança de vida. Na verdade, é uma mudança de mente, ou atitude, para com Deus, para com o pecado e para conosco mesmos” (Ralph Earle).
“… a mudança de mente por parte daqueles que começaram a abominar seus erros e crimes, e se determinaram a percorrer um curso de vida melhor, de maneira que envolve tanto o reconhecimento do pecado e o pesar por ele, quanto um melhoramento, de coração, que são evidências e consequências das boas obras” (Joseph H. Thayer).
Em sua notável obra, Uma Luz Na Escuridão: Sete Mensagens para as Sete Igrejas, Rick Renner escreve: “Quando as palavras ‘meta’ e ‘nous’ são combinadas em uma só, a nova palavra descreve uma decisão de mudar completamente a forma que alguém pensa, vive ou se comporta. Isto não descreve um pesar emocional temporário por causa de ações passadas, mas é uma decisão intelectual sólida de dar meia volta e tomar um novo rumo, e de alterar completamente sua vida descartando um padrão de comportamento velho e destrutivo, e abraçar um novo em folha. Arrependimento verdadeiro envolve uma decisão consciente tanto para se afastar do pecado, do egoísmo e da rebelião, como também para se voltar para Deus de todo seu coração e mente. É uma volta completa de 180 graus nos pensamentos e comportamentos de alguém”.
Intenções não são a mesma coisa que arrependimento. William Douglas Chamberlain escreveu: “A fé cristã vira o rosto dos homens para frente. O arrependimento é a reorientação da personalidade em referência a Deus e seu propósito”. Além disso, ele declara que para os crentes desfrutarem do reino de Deus, eles devem “submeter-se a uma transfiguração mental, à qual chamamos ‘arrependimento’. O arrependimento olha para frente em esperança e antecipação, enquanto o remorso olha para trás com vergonha, e para frente com medo”.
Jesus Pregava Arrependimento
As primeiríssimas palavras que Jesus pregou (de acordo com Mateus 4.17) foram “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. Observe que Jesus não advogava simplesmente que as pessoas saíssem do negativo, mas ele queria que as pessoas despertassem para o positivo: O reino de Deus, que estava se tornando disponível para eles. Neste sentido, podemos dizer que o arrependimento realmente é uma preparação profética; é a preparação de nossos corações para algo maravilhoso que Deus está tornando disponível para nós.
O arrependimento acontece quando despertamos para o glorioso potencial divino destinado às nossas vidas. À luz da bondade de Deus e de suas boas intenções para conosco, nós reconhecemos a deficiência de nossa perspectiva egoísta e o caráter destrutivo de nosso comportamento pecaminoso. Assim, nos afastamos disso para que possamos abraçar uma nova vida, melhor e mais elevada, oferecida pelo Deus da graça. Assim como na graça, no arrependimento também, tanto a atitude quanto a ação estão envolvidos. Existe uma descontinuação do comportamento errado, baseado em um coração e mente que se voltaram completamente para Deus e seus caminhos.
Mas Crentes Precisam se Arrepender?
Alguns creem que a confissão de pecado e arrependimento é importante para os incrédulos, mas que se tornam desnecessários uma vez que a pessoa tenha nascido de novo. Afinal de contas, eles raciocinam se Jesus já morreu por todos os nossos pecados, e todos eles já foram perdoados, por que precisaríamos reconhecê-los ou confessá-los, se eles já estão debaixo do sangue?
Muito tempo depois da sua ascensão, Jesus se dirigiu aos crentes de várias congregações por toda Ásia Menor (Apocalipse 2 e 3). Das sete congregações para as quais falou, ele disse a cinco delas que precisavam se arrepender de certos pecados, e aos laodicenses disse, especificamente: “Aqueles a quem eu amo [terna e afetuosamente], eu lhes digo suas falhas e os convenço e os persuado e os corrijo [eu os disciplino e instruo]. Então, esteja entusiasmado e com zelo ardente e sincero, e arrependa-se [mudando sua mente e atitude]” (Apocalipse 3.19, Versão Amplificada da Bíblia).
Jesus não estava dizendo àqueles crentes que eles precisavam merecer ou ganhar seu perdão por meio do arrependimento, mas ele certamente queria que eles reconhecessem as áreas onde precisavam fazer ajustes e alinhar-se com a sua Palavra.
O apóstolo Paulo certamente cria que era importante para os crentes que houvessem cometido algum erro, que se arrependessem diante de Deus e, com a ajuda dele, pusessem sua vida em ordem. Em 2 Coríntios 12.20-21 (na Bíblia Viva), ele disse: “Tenho receio de que quando for visitá-los não vá gostar daquilo que encontrar, e vocês não vão gostar do modo pelo qual eu terei de agir; Receio que os encontrarei em desavenças, invejando uns aos outros, irando-se uns contra os outros, aparentando grandeza, dizendo coisas vis uns dos outros, cochichando pelas costas uns dos outros, e cheios de presunção e discórdia. Sim, tenho receio de que, quando for, Deus me humilhará diante de vocês e eu ficarei triste e pesaroso porque muitos de vocês pecaram e nem mesmo se importam com as coisas vis e indecentes que têm praticado: a impureza, a imoralidade, e a sedução das mulheres de outros homens”.
Paulo tem sido chamado com certa frequência de “O Apóstolo da Graça”, e mesmo assim, ele obviamente acreditava que o arrependimento é importante para os cristãos que saem do rumo.
Creio que o ensino claro das Escrituras não é que a graça torne desnecessário o arrependimento, mas exatamente o contrário: que a graça torna o arrependimento possível! Porque Deus é gracioso, ele não nos rejeita, nem nos lança fora quando tropeçamos ou falhamos, mas ele nos convida para que “…cheguemo-nos confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hebreus 4.16, Versão Revisada Imprensa Bíblica).
Em 2 Coríntios 7.10, Paulo disse que “a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”.
E a Respeito de Confissão?
Quando entendemos quais são as reais implicações da confissão (de pecado), compreendemos que este é o primeiro passo no processo de arrependimento. A palavra grega traduzida por confissão é “homologeo”, e é derivada de duas palavras, que significam “o mesmo” e “dizer”. Desta forma, a palavra é tipicamente definida com o significado de “dizer a mesma coisa”. Confessar também significa “concordar com”, “ceder”, “admitir” e “reconhecer”. Se uma pessoa, primeiro, não reconhecer que existe um problema, como ou por que ela iria se incomodar em mudar sua mente, sua atitude, ou sua conduta com respeito ao problema em questão? Uma pessoa nunca se arrependerá sem que primeiro confesse (ou reconheça) que o assunto em questão é um pecado.
É lamentável que alguns tenham tentado diminuir o significado da confissão alegando que 1 João 1 não tenha sido escrito para cristãos, mas para incrédulos ou gnósticos. Muitas epístolas foram escritas em meio ao contexto de erros doutrinários, mas todas as epístolas do Novo Testamento foram escritas para cristãos. 1 Coríntios fora escrita em meio ao contexto do antinomianismo, Gálatas em meio ao contexto do legalismo, Colossenses em meio ao contexto do ascetismo, e 1 João em meio ao contexto do gnosticismo, mas TODAS foram escritas PARA cristãos.
O Comentário “Conhecimento da Bíblia” declara: “Nos tempos modernos, ocasionalmente, alguns tem negado que um cristão precisa confessar seus pecados e pedir perdão”. Alegam que um cristão já tem perdão em Cristo (Efésios 1.7). Mas este ponto de vista confunde a posição perfeita que um cristão tem no filho de Deus (pela qual inclusive ele está assentado com ele nos lugares celestiais, Efésios 2.6), com as suas necessidades como um ser falho sobre a Terra.
O que é considerado em 1 João 1.9 pode ser descrito como perdão ‘familiar’. É completamente compreensível como um filho pode precisar pedir a seu pai que o perdoe pelas suas falhas, ao mesmo tempo em que a sua posição na família não está correndo perigo. Um cristão que nunca pede perdão ao seu Pai celestial por causa dos seus pecados dificilmente poderá ter muita sensibilidade quanto às maneiras pelas quais ele entristece o Pai. Primeira João 1.9 não foi escrito para os não salvos, e o esforço para transformá-lo em uma afirmação relacionada à mensagem de salvação é um erro.
A graça não erradica ou torna desnecessário qualquer outro assunto ou ensino do Novo Testamento. A graça não vai abolir a necessidade de arrependimento, obediência, santidade, envolvimento na igreja, ou de ofertar. Em vez disso, a graça provê perdão quando ficamos aquém das suas diretrizes, e se respondermos à sua graça, encontraremos a força para obedecê-lo em todas as coisas. A graça não é uma desculpa, é uma capacitação. A graça não é evasiva, é catalizadora. A graça não é a permissão divina para fazer coisas erradas, é o poder divino para fazer aquilo que é certo!
Que você possa encontrar grande fortalecimento em sua toda-suficiente graça!
O QUE REALMENTE SIGNIFICA DIZER “EU NÃO ESTOU DEBAIXO DA LEI”?
Quando um crente diz “eu não estou debaixo da lei”, comumente pensamos que a pessoa está dizendo “eu não estou debaixo da Lei de Moisés”. Isto reflete uma compreensão apurada das Escrituras. Até mesmo um estudo superficial dos livros de Romanos e Gálatas mostrará isto. Como exemplo, vemos Paulo falando claramente sobre a Lei de Moisés quando ele escreveu:
“Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3.19,20)
“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado” (Gálatas 2.16)
“Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gálatas 3.10-11)

Mas aqui nós temos alguns questionamentos importantes:
1. Não estar “debaixo da lei” significa que os cristãos estão sem lei?
2. Significa que eles não aceitam qualquer influência ou que não há qualquer autoridade que governe suas vidas?
3. Não estar “debaixo da lei” significa que os crentes não tenham qualquer restrição moral ou qualquer tipo de padrão ético?

Se estes são exemplos do que um cristão quer dizer em sua declaração de que não está “debaixo da lei”, então teremos um verdadeiro problema em relação ao restante da Palavra de Deus.
Paulo disse, “Se sois guiados pelo espírito, não estais debaixo da lei” (Gálatas 5.18). Nosso propósito na vida não é simplesmente nos livrar da escravidão das regras e regulamentações associadas ao Antigo Testamento; em vez disso, o objetivo de Deus é que nossas vidas sejam plenamente governadas pelo Espírito Santo, pela sua Palavra, e pelo seu amor.
É essencial que entendamos que a palavra “lei” nas Escrituras não se refere sempre à Lei e Moisés. Mesmo no Antigo Testamento, Provérbios 31.26 faz referência a “lei da beneficência”. Quando chegamos ao Novo Testamento, descobrimos que o uso da palavra lei – referindo-se a um princípio diretivo e orientador – tem um alcance muito mais amplo de significado do que simplesmente “a lei de Moisés”.
1. Romanos 3.27 fala da “lei da fé”;
2. Romanos 8.2 menciona a “lei do espírito de vida em Cristo Jesus”;
3. Gálatas 6.2 nos diz para “levarmos a carga uns dos outros, e assim, cumpriremos a lei de Cristo”;
4. Tiago 1.25 fala da “lei perfeita da liberdade” (também mencionada em Tiago 2.12);
5. Tiago 2.8 fala do amor (amar o próximo como a si mesmo) como a lei régia ou lei real.

Mesmo com todas estas referências poderosas, talvez a mais penetrante declaração que diferencia a “lei de Moisés” de outros aspectos dos princípios divinos que governam e influenciam as nossas vidas, seja encontrada naquilo que Paulo disse em 1 Coríntios 9.21:
“Quando estou com os gentios que não seguem a lei judaica, eu também vivo sem essa lei para que eu possa trazê-los a Cristo. Mas eu não ignoro a lei de Deus; eu obedeço à lei de Cristo” (New Living Translation).
Observe que Paulo diferencia “a lei judaica” da “lei de Deus” e da “lei de Cristo”. Se eu disser “eu não estou debaixo da lei”, e estiver me referindo a Lei de Moisés (ou como Paulo a chama aqui “a lei judaica”), isto seria perfeitamente apropriado. Mas se eu quero dizer que sou livre para fazer o que eu quiser e que eu posso viver como quiser, sem qualquer consideração para com a influência da Palavra e do Espírito de Deus em minha vida, então eu entendi terrível e grosseiramente errado o ensino do Novo Testamento.
“…quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Romanos 13.8-10)
Deveríamos compreender claramente que a palavra “lei” não é uma palavra ruim na Bíblia. A Lei de Moisés não poderia nos justificar; este nunca foi seu propósito. Mesmo assim, o problema não era a lei em si. O problema éramos NÓS! Paulo disse que “a lei é santa, e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Romanos 7.12). Ele disse, “a lei é espiritual” (Romanos 7.14), e novamente, noutro lugar, “a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo” (1 Timóteo 1.8 ). A lei estabelecia um padrão de justiça com o qual não poderíamos nos equiparar. Portanto, é a nossa confiança na lei em nos salvar que é inútil. Quando confiamos em nosso desempenho, (que nunca pode se equiparar a perfeição absoluta), estamos confiando em nós mesmos e não na obra redentora de Cristo. Então, a Lei de Moisés, em si mesma e por si mesma, é boa; ela simplesmente revelou que nós não éramos.
O que é usado de forma 100% negativa nas Escrituras não é o conceito da lei, mas sim o conceito da falta de lei. Se você pegar uma concordância bíblica e procurar pelas palavras iníquo e iniquidade nas Escrituras (que dizem respeito à ausência ou ao desprezo da lei), você verá que as passagens são absolutamente negativas. João disse que “qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade” (1 João 3.4 – ARC).
Como cristãos, não estamos debaixo da Lei de Moisés, mas com certeza não estamos sem lei, não somos iníquos. Mesmo a doutrina da graça no Novo Testamento, que frequentemente é posta em contradição com a lei (veja João 1.17), de forma alguma conduz o crente para uma vida de iniquidade, uma vida sem regras. Paulo disse, “o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!” (Romanos 6.14,15).
Por que um crente deveria por seu foco mais no negativo do que no positivo? Em vez de simplesmente dizer “eu não estou debaixo da lei [de Moisés]“, talvez deveríamos considerar em pôr o foco mais no que realmente governa e influencia nossas vidas. Por que não confessamos o seguinte:
1. A lei régia, a lei real, me governa;
2. A lei do espírito de vida em Cristo Jesus me governa;
3. Eu estou debaixo da influência do amor de Deus, do seu espírito, da sua Palavra e da sua graça;
4. A lei de Cristo me capacita a me tornar qualquer coisa que Deus queira que eu seja, e me dá condições de realizar a vontade de Deus na minha vida de forma eficaz!

Como Paulo, podemos dizer, “não que eu esteja sem a lei de Deus ou esteja sem lei para com Deus, mas eu a estou [mantendo de forma especial] dentro de mim e estou comprometido com a lei de Cristo” (1 Coríntios 9.21 – Amplificada).

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